O Palmeiras comemora nesta segunda-feira (22) os 68 anos do título da Copa Rio de 1951, o primeiro torneio mundial de clubes de futebol, conquistado no Maracanã com um empate em 2 a 2 contra a Juventus-ITA no segundo jogo da decisão. No primeiro, o Verdão havia vencido por 1 a 0. Pouco mais de 100 mil pessoas estiveram no palco da decisão para ver o time paulista se tornar campeão mundial e curar a frustração deixada pela seleção brasileira no ano anterior, quando o Uruguai venceu a Copa do Mundo no famoso “Maracanazo”.
A conquista da Copa Rio de 1951 vira o tema de hoje na seção “Quanto Custava?”, na qual o Blog do Allan Simon atualiza valores históricos e os contextualiza com o dinheiro de hoje. Não foi possível encontrar os preços dos ingressos da decisão entre Juventus e Palmeiras naquele 22 de julho de 1951. Mas achamos alguns dados interessantes sobre a arrecadação na competição.
A renda da final foi fácil. Está na capa de A Gazeta Esportiva do dia seguinte, cuja manchete era “Palmeiras, os campeões do mundo!”. O total arrecadado no Maracanã foi de Cr$ 2.783.190. Essa é a atualização monetária mais antiga já feita na nossa série aqui no blog. Por isso, não poderemos usar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), inflação oficial medida pelo IBGE, índice calculado desde 1980.
Partimos para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) desde fevereiro de 1944. Com isso, usando a calculadora do Banco Central do Brasil, chegamos à correção da renda da final da Copa Rio de 1951: R$ 3.078.609,38.
O público total no Maracanã naquela decisão foi de 100.093 pessoas, mas o público pagante foi de 82.892 torcedores. Usando um termo bem comum na atualidade, o “ticket médio” de Palmeiras 2 x 2 Juventus no Maracanã em 1951 custava o equivalente a R$ 37,14. Pouco menos de 38 reais para ver o time enfrentar um gigante italiano e sair como campeão mundial. Parece ótimo, não é mesmo? Mas há que se considerar a época.
Naquele jogo, o ticket médio (se é que alguém imaginaria o uso desse termo um dia naquele julho de 1951) ficou em Cr$ 33,57. O salário mínimo era de Cr$ 380, um valor que estava em vigência desde 1943 e estava em queda contínua do poder de compra ao longo de todos esses anos, sendo corrigido apenas em janeiro do ano seguinte, 1952, quando subiu para Cr$ 1.200. Mesmo assim, o ingresso médio da decisão da Copa Rio ficou em 8,83% do salário mínimo. Esse mesmo percentual, aplicado ao mínimo atual de R$ 998, seria de R$ 88,12.
Mas a pesquisa não para por aí. Consultando os arquivos do jornal O Globo, chegamos ao total da arrecadação da Copa Rio de 1951. A competição foi disputada no Maracanã e no Pacaembu, estádios que receberam o quadrangular final da Copa do Mundo no ano anterior. Foram oito jogos na capital paulista, e dez na capital fluminense.
Segundo O Globo, em sua edição publicada no dia 23 de julho de 1951, o torneio inteiro rendeu Cr$ 19.963.215 aos cofres da Copa Rio. Valor corrigido para junho de 2019: R$ 22.082.193,77. Ou seja, pouco mais de R$ 22 milhões com toda a competição. Apenas na decisão da Copa América de 2019, disputada no último dia 7 de julho no Maracanã, a Conmebol arrecadou R$ 38 milhões. A renda bruta de toda a competição foi de cerca de R$ 215 milhões.
Como existia aquela rivalidade Rio-São Paulo, a reportagem de O Globo apontava ainda que a capital fluminense arrecadou bem mais que a paulista. Foram Cr$ 15.613.925 de renda nos dez jogos do Maracanã, contra Cr$ 4.349.290 nos oito duelos do Pacaembu.
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