Palmeiras x Corinthians, 1993: Quanto custavam ingressos e prêmios dos clubes

Palmeiras x Corinthians, 1993: Quanto custavam ingressos e prêmios dos clubes

12 de junho de 2020 0 Por Allan Simon

O dia 12 de junho de 1993 ficou marcado na história do Palmeiras por ser um imenso combo de alegrias. O time voltava a ser campeão depois de 16 anos de fila. Era o primeiro título na parceria com a Parmalat. E foi logo contra o maior rival num Palmeiras x Corinthians no Morumbi. Quer mais? De goleada. 4 a 0.

O “Dia dos Namorados” mais memorável dos torcedores palmeirenses que viveram aquele junho de 1993 completa hoje 27 anos. E o Blog do Allan Simon traz aquele duelo em detalhes no lado financeiro. Pesquisamos os valores dos ingressos para aquela partida, as premiações em dinheiro para o campeão, o vice, e o artilheiro da competição, além, é claro, de atualizar e contextualizar com o dinheiro de hoje.

Palmeiras e Corinthians chegaram ao Morumbi no dia 12 de junho de 1993 com os mesmos treinadores que tinham protagonizado, três anos antes, a final do Paulistão de um jeito completamente diferente. Nelsinho Baptista, o técnico alvinegro, era o comandante do Novorizontino em 1990 na Final Caipira. Vanderlei Luxemburgo, o treinador alviverde, tinha levado a melhor com o Bragantino. E voltaria a se dar bem contra o adversário.

Mas o primeiro jogo, também realizado no Morumbi, teve vitória corintiana por 1 a 0, gol de Viola. O 20º dele na competição. O atacante foi o artilheiro do Paulistão 1993 e garantiu uma premiação de 1 bilhão de cruzeiros. Isso mesmo, 1 bilhão. É hora de chamar a série “Quanto Custava?” para explicar isso.

Em junho de 1993, o Brasil ainda vivia tempos de hiperinflação. O governo brasileiro tinha Itamar Franco na presidência alguns meses após o impeachment e a renúncia do antecessor, Fernando Collor de Mello. O ministro da Fazenda era o futuro presidente Fernando Henrique Cardoso. A moeda ainda era o cruzeiro. Pouca gente imaginava que apenas um ano depois tudo mudaria com o real.

Moeda fraca é sinônimo de valores elevados. E isso acontecia com a nossa economia. Esse 1 bilhão de cruzeiros que Viola levou por ser o artilheiro da competição equivale hoje, em valores convertidos para o real e atualizados com o IGP-M da FGV (Fundação Getúlio Vargas), índice mais adequado para grandes valores contratuais e de premiação, a R$ 200.384,18. É um valor considerável mesmo para os padrões atuais, mas numericamente muito diferente.

O salário mínimo da época era de Cr$ 3.303.300,00. Sim, três milhões, trezentos e três mil, e trezentos cruzeiros. Ou seja, o prêmio de Viola equivalia a 302 salários mínimos da época. Além disso, o valor do mínimo atualizado para 2020 seria de R$ 486,21. Uma premiação de 302 salários mínimos da época hoje seria de R$ 147.189,17. No nosso mínimo atual (R$ 1.045), passaria dos R$ 316,3 mil.

Para os clubes, a situação era bem diferente. O Palmeiras, como campeão, levou uma premiação de 4 bilhões de cruzeiros. Em valores de hoje, isso daria R$ 801.536,73. O Corinthians, que ficou com o vice, levava metade disso. Os Cr$ 2 bilhões equivalem a R$ 400.768,36 em dinheiro de hoje.

Se o Paulistão voltar da paralisação forçada pela pandemia do novo coronavírus, o prêmio em dinheiro ao campeão, fora cotas de TV, será de R$ 5 milhões. Mais de seis vezes maior que o valor atualizado da grana que entrou nos cofres do Palmeiras. O vice em 2020, se houver término do campeonato, vai levar R$ 1,65 milhões, mais que o quádruplo do que o Corinthians faturou.

Quanto custavam os ingressos de Palmeiras x Corinthians em 1993

Segundo o jornal Folha de S.Paulo da época, foram colocados à venda  104.401 ingressos para a final no Morumbi. O Palmeiras x Corinthians da volta despertou mais atenção do que o primeiro jogo, quando 93.736 entradas foram vendidas. As sobras, inclusive, foram usadas de maneira criminosa por cambistas, que os vendiam na porta do estádio como se fossem do duelo de volta.

A publicação informava que o ingresso tinha a novidade de ser magnético, e que o código das catracas bloquearia falsificações ou entradas verdadeiras do jogo anterior. Vinha também um envelope patrocinado pela Brahma com as informações do duelo e o setor comprado.

Graças a um post do torcedor palmeirense Guilherme G. Pereira no Twitter, podemos ver como era:

A Folha trazia também os preços de acordo com os setores. Neste caso, por serem valores menores e voltados ao consumo do produto futebol, usamos o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a atualização monetária.

Geral: Cr$ 75 mil = R$ 11,04
Arquibancada: Cr$ 150 mil = R$ 22,08
Numerada inferior e cativa inferior especial: Cr$ 200 mil = R$ 29,44
Numerada superior: Cr$ 300 mil = R$ 44,16
Cativa superior especial: Cr$ 400 mil = R$ 58,88

Locais de venda: Morumbi, Parque Antarctica, Parque São Jorge, Pacaembu, Estação da Luz, Galeria Prestes Maia e sede da FPF

Um salário mínimo da época comprava 44 ingressos da geral, o mais barato, e oito ingressos da cativa superior, o mais caro.

Um salário mínimo de hoje (R$ 1.045), seguindo os preços atualizados, compraria quase 95 ingressos da geral (R$ 11,04) e quase 18 entradas na cativa superior (R$ 58,88).

No ano passado, quando o Morumbi recebeu um clássico na final do Paulistão entre São Paulo e Corinthians, o ingresso mais barato custava R$ 100 na inteira e R$ 50 na meia-entrada. Isso é apenas para fins de ilustração, já que o estádio não tem mais os mesmos setores de quase três décadas atrás, muito menos a geral.

O poder de compra

Chamou nossa atenção uma propaganda da Fototica (na época, Fotoptica) que estampava o caderno de Esportes da Folha dias antes da decisão Palmeiras x Corinthians. Resolvemos incluir aqui, para ajudar no contexto da época, os valores de alguns produtos que eram usados em 1993.

A ideia não foi fazer a conversão para o dinheiro de hoje, e sim exemplificar o que daria para fazer com o dinheiro gasto na compra de um ingresso. Uma geral no Morumbi (Cr$ 75 mil) era praticamente o mesmo preço de uma fita cassette “virgem”.

Quem tem fotos daquele dia certamente as fez em máquinas fotográficas analógicas, usando rolos de filmes. O preço de um modelo da Kodak com 24 fotos (ou “poses”, como chamavam) saía por Cr$ 163 mil, o dobro do ingresso mais barato.

Já a novidade que era um som de CD em 1993 saía por quase Cr$ 13 milhões. Viola, se não tivesse um modelo, poderia comprar quase 77 aparelhos da Gradiente para ouvir músicas em discos digitais compactos.

Câmera Yashica: Cr$ 1,9 milhão
Câmera Kodak: Cr$ 3,5 milhões
Câmera Polaroid: Cr$ 4,1 milhões
Fita cassette virgem TDK: Cr$ 75,8 mil
Filme Kodak 24 fotos: Cr$ 163 mil
Telefone Ibratel: Cr$ 1,05 milhão
Telefone sem fio Cougar: Cr$ 4,4 milhões
CD Player Gradiente com controle remoto, programável e função edit: Cr$ 12,9 milhões

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