Quando o árbitro Flávio Roberto Mineiro Ribeiro foi escalado para apitar um jogo do Brasileirão Feminino na mesma semana em que foi afastado pela FPF (Federação Paulista de Futebol) por erros grotescos no empate entre São Paulo e Novorizontino em partida válida pelo Paulistão 2020, muita gente questionou se a CBF via a escolha como uma “punição” para rebaixar quem tinha ido mal no futebol masculino.
A entidade esclareceu ao site Planeta Futebol Feminino que a escala de Flávio Mineiro para apitar o duelo entre Ferroviária e Grêmio Osasco Audax, bem como ser quarto árbitro no clássico entre Palmeiras e Corinthians, foi definida na tarde que antecedeu ao confronto comandado por ele no Morumbi. Assim como sua participação como reserva no duelo entre Novorizontino e Figueirense na Copa do Brasil já estava decidida anteriormente. E ele cumpriu todas as escalas.
Seja como for, a escala para apitar um jogo do futebol feminino tem uma enorme diferença no bolso de quem está acostumado a fazer partidas masculinas de torneios de elite. O Blog do Allan Simon teve acesso a um ofício assinado pelo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, e enviado aos clubes participantes do Brasileirão Feminino Série A1 no começo de fevereiro.
Vale lembrar que árbitros de futebol não são profissionais, ou seja, não possuem contrato de trabalho com as entidades que organizam as competições. Ganham apenas pelos jogos que apitam. E, no caso do Brasileirão Feminino, esse valor fica em um terço, em média, do que recebem os árbitros nas primeiras fases da Copa do Brasil. A diferença para o masculino certamente é muito maior, mas a CBF ainda não definiu os valores das taxas para 2020.
Enquanto um árbitro Fifa ou Master da CBF ganha R$ 2,6 mil para apitar um duelo da primeira fase da Copa do Brasil, essa mesma pessoa recebe R$ 820 para comandar uma partida do Brasileirão Feminino. Se for do quadro básico, como é o caso de Flávio Mineiro, o valor de um jogo na competição nacional masculina é de R$ 2,2 mil, caindo para R$ 760 no torneio mais importante do calendário da CBF para as mulheres.
Para quem atua como assistente, os populares “bandeirinhas”, também existe queda semelhante. Quem é dos quadros Fifa e Master recebe R$ 1.560 em um jogo da Copa do Brasil, enquanto a taxa no Brasileirão Feminino é de R$ 490. Árbitros do quadro básico recebem R$ 1.320 e R$ 450, respectivamente.
No caso de quem faz o papel de quarto árbitro, caso de Flávio Mineiro naquela mesma semana (fez a função em Novorizontino x Figueirense, pela Copa do Brasil, e em Palmeiras x Corinthians, pelo Brasileirão Feminino), os valores são bem mais baixos nos dois casos, mas mantendo a diferença proporcional.
Quem é do quadro básico, como ele, recebe R$ 550 para ser reserva na Copa do Brasil, e R$ 190 no Brasileirão Feminino. Se for Fifa ou Master, ganha R$ 650 (R$ 100 a mais) na competição masculina, mas nenhum centavo a mais no campeonato feminino, levando os mesmos R$ 190.
O valor que a equipe de arbitragem recebe como diárias para hospedagem e deslocamentos, no entanto, é igual no caso de transportes terrestres dentro do próprio estado. Não há modalidade aérea no Brasileirão Feminino. Para transportes terrestres entre estados diferentes, só há valores maiores na Copa do Brasil para distâncias acima dos 600 km entre o local de residência do árbitro e o da realização do jogo.
Importante também recordar que os valores na Copa do Brasil aumentam a partir das oitavas de final, recebendo nova valorização na semifinal e outra na grande decisão. Confira todos os valores aqui.
– Brasileirão Feminino paga muito menos que a taxa antiga da Série D para elite dos árbitros
Embora não seja ainda possível estabelecer uma comparação com o Campeonato Brasileiro masculino em 2020, já que a CBF precisa definir os valores das taxas, é fato que o Brasileirão Feminino paga muito menos que a Série D, a quarta divisão nacional dos homens. Mas só para quem é do quadro da Fifa ou Master.
O Blog do Allan Simon também teve acesso ao ofício de 2018, na gestão do Coronel Marcos Marinho à frente da Comissão de Arbitragem. Um árbitro das categorias de elite recebia R$ 2.020 por um jogo na primeira fase da Série D. Imaginando que esse valor possa ter sido reajustado nestes dois anos, a taxa ficará próxima ao que é pago na Copa do Brasil.
Mas quem é do quadro de arbitragem comum recebia R$ 780 pelos jogos da primeira fase da quarta divisão nacional masculina há duas temporadas. Ou seja, um valor mais parecido (mas ainda mais alto) que o recebido por eles atualmente no Brasileirão Feminino.
Na Série A, um árbitro Fifa já tirava mais de R$ 4 mil por jogo em 2018. Quem apitar a final da Copa do Brasil de 2020 vai levar R$ 10 mil se for dos quadros mais altos na hierarquia da CBF.
Veja quem são os árbitros dos quadros Fifa e Master atualmente:
São árbitros Fifa: Anderson Daronco, Bráulio da Silva Machado, Bruno Arleu de Araújo, Charly Wendy Deretti, Deborah Cecília Cruz Correia, Edina Alves Batista, Flávio Rodrigues de Souza, Luiz Flávio de Oliveira, Rafael Traci, Raphael Claus, Rejane Caetano da Silva, Rodolpho Toski Marques, Thayslane de Melo Costa,Wagner do Nascimento Magalhães e Wilton Pereira Sampaio.
São assistentes Fifa: Alessandro Álvaro Rocha Matos, Bárbara Roberta da Costa Loiola, Bruno Boschilia, Bruno Raphael Pires, Danilo Ricardo Simon Manis, Fabrício Vilarinho da Silva, Fabrini Beviláqua Costa, Fernanda Nandrea Gomes Antunes, Guilherme Dias Camilo, Kléber Lúcio Gil, Leila Naiara Moreira da Cruz, Marcelo Carvalho Van Gasse, Neuza Inês Back, Rafael da Silva Alves, e Rodrigo Henrique Corrêa.
São árbitros da categoria Master: André Luiz de Freitas Castro, Elmo Alves Resenha Cunha, Dewson Fernando Freitas da Silva, Ricardo Marques Ribeiro, Wagner Reway, Francisco Carlos do Nascimento, Héber Roberto Lopes, Leandro Pedro Vuaden, e Marcelo de Lima Henrique.
São assistentes da categoria Master: Clériston Clay Barreto Rios, Eduardo Gonçalves da Cruz, Fábio Pereira, Katiuscia Mayer Mendonça, Lilian da Silva Fernandes Bruno, e Márcia Bezerra Lopes Caetano.
Todos os demais recebem como árbitros de quadro básico.
– Copa do Brasil: 7 coisas que você precisa saber sobre o torneio
– Quem paga a taxa de arbitragem?
Os clubes mandantes. O ofício é enviado aos times que participam do campeonato justamente para que eles tenham tabelado os valores que deverão pagar aos times de arbitragem ao longo da competição.
Caso um time deixe de pagar a taxa, o árbitro deverá colocar no relatório oficial do jogo essa informação. Também é necessário que conste em súmula caso a equipe mandante pague em cheque.
A CBF considera como responsabilidade dos árbitros a contagem e conferência de cédulas de dinheiro recebidas como pagamento das taxas.
– Os clubes arcam com todo o valor das taxas de arbitragem?
A CBF dá uma ajuda de custo no caso do Brasileirão Feminino de até R$ 10 mil para cobrir despesas de arbitragens, gandulas e ambulâncias, tudo no mesmo pacote.
A entidade reembolsa os valores gastos com árbitros no Brasileirão masculino nas séries C e D. No caso da Série B, o reembolso também existe, mas fica condicionado à assinatura do contrato coletivo de direitos de transmissão.
(Atualizado em 19/02/2020)
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