Quanto custava um ingresso para o GP do Brasil na primeira vitória de Senna?

Quanto custava um ingresso para o GP do Brasil na primeira vitória de Senna?

6 de novembro de 2019 0 Por Allan Simon

A Fórmula 1 chega  novamente ao Brasil no próximo dia 17 de novembro com cenário de campeão definido – Lewis Hamilton já faturou o título de 2019, o sexto de sua carreira. Quem acompanha a programação da TV Globo deve ter percebido nos últimos dias alguns comerciais anunciando ingresso para o GP do Brasil em Interlagos. Inspirado nesse tema, a seção “Quanto Custava?” viajou pouco mais de 28 anos no tempo para relembrar os preços dos ingressos da edição de 1991.

Realizado no dia 24 de março de 1991, o GP do Brasil ainda vivia os tempos em que o país tinha Ayrton Senna e Nelson Piquet como estrelas, embora este último já não disputasse mais com condições de ganhar o título, mas ainda fosse um gênio detentor de três títulos mundiais. Senna ainda caminhava para o terceiro, era o atual campeão e buscava superar um incômodo tabu: nunca ter vencido uma corrida em seu país. Nem em Jacarepaguá, nem em Interlagos. O ídolo brasileiro batia na trave sempre.

No começo daquele mês, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem abordando as dificuldades para vender os ingressos do GP do Brasil. Em uma época tão popular da Fórmula 1 no país, só poderia haver uma explicação: os preços cobrados. No segundo ano do Governo Collor, a economia patinava e nada do que o então presidente tinha tentado a partir da posse resolvia o problema crônico da inflação.

Guarde bem o valor do salário mínimo vigente em março de 1991 no Brasil: Cr$ 17 mil. É com ele que vamos medir o quão cara era uma entrada para assistir em Interlagos ao que seria uma histórica vitória de Ayrton Senna com sua McLaren-Honda e um câmbio praticamente estourado no fim da corrida. Foi a primeira de duas vitórias do brasileiro em seu país. E que ajudou a abrir caminho para o tricampeonato mundial no fim da temporada. O último título do Brasil na Fórmula 1.

O setor A, cuja venda era exclusiva nas agências do Unibanco, custava Cr$ 35 mil para quem quisesse ver os três dias de eventos, que incluíam os treinos classificatórios. Para acompanhar apenas a corrida no domingo, saía por Cr$ 28,5 mil. Ou seja, o fim de semana completo exigia mais que o dobro do salário mínimo da época nesse local.

Fazendo a conversão de moedas e usando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE entre março de 1991 e setembro de 2019 para a atualização monetária, os valores equivalentes de hoje aos cobrados na época por um ingresso para o GP do Brasil no setor A eram de R$ 821,26 (três dias) e R$ 668,74 (apenas o domingo).

No GP do Brasil de 2019, o mesmo setor foi vendido a R$ 870 pelo fim de semana completo. Ou seja, aparentemente o preço é o mesmo. Mas não é. O poder de compra mudou totalmente nesses quase 30 anos. Os 17 mil cruzeiros do salário mínimo de março de 1991 equivalem a R$ 398,90 de hoje. Já o mínimo em vigor atualmente no Brasil é de R$ 998, duas vezes e meia mais.

É por isso que era preciso pagar mais de dois salários mínimos para assistir à corrida no setor A em 1991, e este ano o preço não chega a um (e ainda é parcelado em três vezes. Longe de ser barato, mas nem comparação com o que era cobrado naquela época).

Passemos ao setor mais popular de Interlagos, o famoso setor G. Na época era a Shell quem detinha a exclusividade das vendas, que incluíam brindes, como camisetas, e eram realizadas nos postos de combustível com a bandeira da marca. O preço: Cr$ 18,5 mil. Só havia para três dias, ou seja, não eram vendidos ingressos só para o domingo. Custava pouco mais de um salário mínimo.

Atualizando com a ajuda do IPCA, esse preço agora equivale a R$ 434,09. Em 2019, o setor G está à venda por R$ 610. Uma diferença maior, mas que também precisa levar em consideração o poder de compra de cada época. Enquanto o ingresso para esse setor era 108% de um salário mínimo em 1991, a entrada atual custa pouco mais de 61%.

Não é possível comparar os preços do setor B, pois na época eles pertenceram à Shell e sequer foram vendidos para o público. Já o setor D, que era o mais caro em 1991, hoje é uma área reservada e não tem ingresso à venda. Localizado próximo ao “S do Senna”, seu preço há 28 anos era de Cr$ 63 mil e só tinha versão para os três dias também. Saía por 3,7 salários mínimos da época. O preço atualizado seria de R$ 1.478,27. Mas seu peso no bolso era equivalente ao de aproximadamente R$ 3,7 mil de hoje. 

Entre os que estavam disponíveis à venda, mas agora já esgotado, o setor B tinha o mais caro ingresso para o GP do Brasil de 2019. Seu preço: R$ 3,1 mil. Apesar de não haver mais pilotos brasileiros no grid, a Fórmula 1 em Interlagos não tem problemas com público, continua sendo um evento importante no calendário esportivo da cidade de São Paulo, e o ingresso, claro, é bem caro. Com relação aos preços deste ano, todos têm meia-entrada. Não foi encontrado nada sobre isso nos arquivos de 1991.

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