Como uma bizarrice da Conmebol deixou Brasil fora do futebol feminino no Pan-2019

Depois de todo o sucesso da Copa do Mundo Feminina, o crescente interesse na modalidade medido pelas audiências da Globo, Band e SporTV, além do pico de buscas sobre o tema no Google entre os brasileiros, os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, que começam no próximo dia 26 de julho, poderiam ser o cenário ideal para manter a “chama acesa” na mídia.

Afinal, o evento terá transmissão de RecordTV, Record News e SporTV, além do portal R7. Tudo pronto para mais boas audiências da seleção brasileira na TV, certo? Errado. E por causa da Conmebol. O regulamento da Copa América de 2018, vencida pelo Brasil, mudou os critérios de ascensão aos principais torneios da modalidade. Atual medalhista de ouro no Pan de 2015, a seleção feminina não vai poder defender o título porque foi competente demais no torneio sul-americano.

A Copa América dava ao campeão uma vaga na Copa do Mundo Feminina de 2019, disputada até este domingo (7) e vencida pelos Estados Unidos na França, e também um lugar no torneio de futebol feminino das Olimpíadas de Tóquio-2020. O vice-campeão, Chile, também carimbou o passaporte para a disputa do Mundial, e garantiu pelo menos uma repescagem contra uma seleção do continente africano pela vaga olímpica.

Com o Peru, país-sede do Pan, já automaticamente classificado, a Conmebol resolveu dar as três vagas restantes da América do Sul aos times que ficaram abaixo dos dois primeiros colocados na Copa América. Assim, Argentina, Colômbia e Paraguai, respectivamente terceiro, quarto e quinto lugares, vão representar a confederação nos Jogos Pan-Americanos. Brasileiras e chilenas, as melhores sul-americanas no campo, ficaram fora. Afinal, alguém achou que seria “demais” representar o continente em três competições ao mesmo tempo.

Fato é que os Estados Unidos também escolheram não disputar o Pan de 2019, assim como o Canadá. Com isso, a disputa em Lima ficará bem esvaziada. As participantes são as seleções de México, Jamaica, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina, Colômbia e Paraguai. As argentinas disputaram a Copa do Mundo na França, mas chegaram por meio de uma repescagem intercontinental, razão pela qual a vaga nos Jogos Pan-Americanos ao menos já estava garantida mesmo se a ida ao Mundial não fosse concretizada.

Futebol masculino do Brasil também está fora

Se o “excesso” de competência do futebol feminino brasileiro tirou o time do Pan 2019, o inverso vale para o time masculino. No evento, as vagas da Conmebol foram dadas com base no Sul-Americano Sub-20, realizado no começo do ano no Chile. Além do Peru, anfitrião, havia três lugares em disputa. Mas, no caso dos homens, a entidade nomeou os três melhores da competição continental.

Assim, Argentina, Uruguai e Equador se classificaram ao mesmo tempo para o Pan e para o Mundial Sub-20. Vale lembrar que, neste caso, não existiam vagas olímpicas em jogo, como no caso do feminino. Nem coincidência de meses entre Jogos Pan-Americanos e Mundial. Mas, pior para o Brasil, porque a seleção brasileira sub-20 ficou com um inacreditável quinto lugar, perdendo os dois torneios.

As vagas olímpicas do futebol masculino foram distribuídas no Sul-Americano Sub-20 entre os Jogos de Pequim-2008 e Rio-2016, mas voltarão a ter um Torneio Pré-Olímpico Sub-23 no ano que vem, como acontecia até as Olimpíadas de Atenas-2004.

O torneio de futebol masculino do Pan de Lima-2019 terá, além de Peru, Argentina, Uruguai e Equador, pelo lado da Conmebol, as presenças de México, Jamais, Panamá e Honduras, por parte da Concacaf.

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