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“Quanto Custava?”: valores atuais dos ingressos de Corinthians x Palmeiras no Paulistão 1999

Inauguro hoje uma série neste Blog que vai revisitar momentos históricos do esporte brasileiro com um outro ponto de vista: o do consumidor. Vamos relembrar quanto pagamos, investimos, depositamos, para ter as grandes lembranças na memória. Ou ainda: se não temos essas lembranças, vamos lembrar por que foi impossível arcar com os custos dela. Essa é a seção “Quanto Custava?”. Que vai além de mostrar os preços da época. A ideia é trazer os valores para a nossa realidade atual.

No primeiro post, vou aproveitar uma lembrança feita no perfil @1999aovivo, do Twitter, que narra em “tempo real” a temporada do Palmeiras no ano da conquista da Libertadores. Há exatos 20 anos, o clube se preparava para encarar mais uma semana decisiva entre tantas desde o mês de maio. Enfrentaria o Botafogo, pela semifinal da Copa do Brasil no Rio de Janeiro, o Corinthians, na ida de final do Paulistão, no Morumbi, e o Deportivo Cali, pela volta da decisão da Libertadores no Parque Antárctica. É sobre a decisão do estadual que falaremos por enquanto.

O jornal Folha de S.Paulo, na edição de 11 de junho de 1999, trazia a lista dos valores dos ingressos para dérbi válido pela final do Paulistão, revelada no dia anterior. Eram seis tipos de entradas disponíveis aos torcedores de Palmeiras e Corinthians (não existia “torcida única”). Os preços chegavam a R$ 20, no mais caro, e partiam de apenas R$ 1, na “arquibancada térrea” do Morumbi.

Segue a lista dos valores, que relembramos no @1999aovivo:

Arquibancada superior: R$ 10/R$ 5 (estudante)
Cadeira especial 1: R$ 15/R$ 5 (estudante)
Cativa superior: R$ 15
Cadeira especial 2: R$ 20
Arquibancada térrea: R$ 1
Cativa térrea: R$ 10

A primeira reação normalmente é: “Nossa, ingresso de final de campeonato custando no máximo 20 reais? Que tempos!”. Mas é preciso trazer esses valores a 2019. Recorri a uma ferramenta de atualização monetária do Banco Central do Brasil para corrigir esse preço. Usei como base o índice da inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), tendo como ponto de partida o mês de junho de 1999, e como chegada o último mês com inflação medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), maio de 2019.

Pois, bem. Fazendo a conta e arredondando os centavos, os ingressos em valores atuais são:

Arquibancada superior: R$ 35/R$ 17 (estudante)
Cadeira especial 1: R$ 51/R$ 17 (estudante)
Cativa superior: R$ 51
Cadeira especial 2: R$ 69
Arquibancada térrea: R$ 3,50
Cativa térrea: R$ 35

Mas não fiquei contente apenas com a atualização monetária. Como estamos falando de valores ao consumidor, é preciso comparar também com o poder de compra da época. O salário vigente a partir do dia 1º de maio de 1999 era de R$ 136.

Portanto, o ingresso mais caro, de R$ 20, era equivalente a 14,7% do salário mínimo. Hoje, o valor de R$ 69 representa um pouco menos de 7% do salário mínimo em vigor desde janeiro de 2019. Ou seja, aqueles 20 reais de 1999 poderiam pesar bem mais no bolso do que o valor atualizado na renda de hoje. Um ingresso que custasse 14,7% do salário mínimo atual seria cobrado a R$ 147 em 2019.

É difícil comparar com os preços praticados em uma final hoje em dia. Existem planos de sócio-torcedor muito mais organizados, os estádios possuem mais trechos com cadeiras, foram extintos os setores populares, como a geral do Maracanã e essa arquibancada térrea do Morumbi, que custava apenas 1 real em plena decisão de campeonato.

Mas, apenas a título de informação, este ano o São Paulo cobrou entre R$ 100 e R$ 360 (partindo de R$ 50 no caso da meia-entrada) os ingressos para a decisão do mesmo campeonato diante do Corinthians.

Gostou do post? Deixe nos comentários a sua sugestão para os próximos temas da série. Vamos relembrar valores de ingressos, camisas, materiais, contratações, investimentos, etc, e as ideias de vocês serão muito importantes. 

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